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domingo, 17 de abril de 2016

O Grande Muro Das Decepções

Do lado de fora do seu resistente muro de decepções eu já fiz acampamento, não havia mais ninguém, eu era a primeira da fila e aguardava animada para ver o que tinha do outro lado, queria conquistar logo o ingresso para fazer parte do seu show, era com certeza a sua fã numero um, mas não havia um portão de entrada ali, então, no inicio, eu só esperei para ver o que acontecia, se chegaria mais alguem, depois, vendo que eu era a única, montei meu acampamento na esperança de que você pudesse construir um portão, você não construiu, continuei ali, onde conheci uma velha companheira sua, a mágoa, ela estava bem ocupada fortalecendo as vigas dos muros, me vendo ali, soltou um sorriso no canto dos lábios e me disse: "você tem coragem de ficar ai sozinha, trabalhamos dia e noite fortalecendo as vigas deste muro, pode cair algum tijolo em você", então eu respondi: "tudo bem, eu estou sujeita a isso, e se acontecer não vou chorar nem deixar doer tanto, só vou levantar acampamento e deixar vocês trabalharem! Mas eu sei que ai do outro lado tem algo muito bom, existe vida e sentimentos ainda intocados maravilhosos demais, e o que eu carrego na minha bagagem só vai acrescentar, só tenho coisas boas e quero muito alcançar esse pico!"
Então ela continuou e se foi, o muro era extenso e alto demais, ate a magoa tinha que ser forte para fazer dele resistente contra qualquer "intruso".
Vendo que não adiantava muito ficar ali parada, eu comecei a juntar meus lençóis de gentileza, romantismo, atenção, carinho, dei laços e tentei pular aquele enorme muro de decepções, ate que consegui ter um progresso, mas como os lençóis estavam apenas com laços, eles acabaram se soltando e eu caí, não poderia ter dado nós, pois era um tecido muito nobre e delicado, e então, eu cai de uma queda de uns dez metros de "não se apaixone", ainda bem que eu me previni, armei antes de subir um colchão de esperança e caí sem sofrer ferimentos graves!
Pensando em uma nova maneira de chegar do outro lado, passou por mim a insegurança e me disse que não tinha certeza do que eu carregava na bagagem, poderia ser melhor eu ir embora! Ela também ajudava a fortalecer as vigas do muro, e me disse para tomar cuidado, pois aquele muro não parava de crescer e poderia me machucar na obra!
Eu agradeci a preocupação e disse que estava disposta a arriscar algum arranhão a mais para alcançar o outro lado!
Ela continuou seu trabalho, mesmo desconfiada se o que tinha na minha mochila era amor ou uma bomba e sumiu naquele muro imenso!
Tive outra ideia enquanto observava a chance vindo, uma pequena fresta, causada pela sensibilidade, que deixou que o muro ruísse, pelo menos por um milímetro, então eu peguei meu martelinho do confronto, mesmo sabendo que ele era forte e faria muito  barulho, podendo atrair aos que trabalhavam edificando o muro, e fazer com que eles me expulsassem dali, comecei a quebrar um tijolinho, jogava verdade para ajudar dissolver e dava marteladas de confronto, por um momento começou funcionar, eu quase conseguia ver do outro lado, mas logo como previsto, atraí todos os que fortaleciam o grande muro de decepções e eles fortaleceram ainda mais onde eu havia quebrado!
Estava cada vez mais difícil persistir ali, mas eu ainda estava disposta a estar do outro lado e levar toda minha bagagem colorida, as lembranças eram meu alimento e os desejos minha bebida e isso me fortalecia!
Só uma coisa, apenas um veneno não teria antídoto e poderia me fazer desistir de alcançar o outro lado, a indecisão seguida de negação! Ate então elas ainda não tinham aparecido, aí quando eu me preparava para mais uma estratégia através do mágico e quase invencível toque físico, eis que ela aparece, com aquele olhar desprezível, ah como eu desprezo a indecisão, ela chegou devagarinho e me dizendo em voz suave: "o meu fortalecimento neste imenso muro das decepções está em alimentar a insegurança, a mágoa, o medo, que alimenta a aflição, que é amiga da resistência, que com certeza trará a negação que ao erguer mais e mais metros deste muro é desastrada e vai te machucar!
Eu quis me defender, usar meus argumentos, mas só me restava a franqueza, e ela talvez não tenha ajudado muito, não por ela, mas porque a todo momento eu tinha que entender que nada do que eu tinha me faria chegar ao outro lado, porque era você quem deveria construir um portão desde o início, era sempre você, eu estava do outro lado com minha bagagem de coisas legais e você sabia disso, mas não estava com a mesma expectativa, porque enquanto eu oferecia o melhor de mim para derrubar seu muro e te mostrar que ha muito a viver, a sonhar, que do outro lado é sonho, é realidade, é beleza, você só se armava com medo e negações, foi ai que eu peguei minhas coisinhas e levantei acampamento, antes que a negação derrubasse um tijolo em mim, mas enquanto eu estava indo, lá de longe ela apareceu e de propósito tacou uma pedrinha e acertou na minha cabeça, ainda tá dolorido, mas logo passa...

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